No panorama extensivo da bovinicultura Portuguesa, relativamente a vacas aleitantes, encontramos a nossa raça Mertolenga como das mais numerosas fora do seu solar de origem e distribuída um pouco por cada canto do País. É assim escolhida a primeira das 15 raças que vamos falar.
A Raça Mertolenga segundo os mais antigos:
"Grandes para cabras e pequenas para vacas"
Tal designação pode mostrar um resumo do que podemos encontrar nesta raça, bovinos de tamanho pequeno/médio, com reprodutoras com pesos na casa dos 300 Kg, muito rusticas, muito férteis, uma excelente qualidade organoléptica da sua carne, no entanto muito nervosas e com baixos níveis de ganho diário de peso.
- Na raça Mertolenga podemos encontrar três tipos de pelagens: A vermelha, a Malhada (de branco ou de vermelho) e o rosilho (mil-flores).
- O sistema de exploração desta raça é em extensivo, onde os animais se alimentam dos recursos naturais e algumas pastagens semeadas, podendo-se fornecer alimento nas épocas mais severas (Verão).
- Os vitelos em linha pura são dotados de fraca conformação e de um crescimento lento, no entanto são desmamados por volta dos 6-8 meses e são "ajudados" com alimentos concentrados nos seus últimos 2-3 meses. (A altura do desmame é muito importante, pois um desmame tardio é apontado como uma das causas para um longo anestro pós-parto (período que se estende desde o parto até ao aparecimento do primeiro Estro (quando a vaca fica recetiva))).
- Segundo a Associação de Criadores de Bovinos Mertolengos, o peso médio ao desmame é de 163 Kg; o Intervalo entre Partos é de 449 dias; o Ganho Médio Diário (GMD) é de 935 gramas/dia e a longevidade produtiva é de 104,8 meses.
- Nesta raça a linha materna é muito utilizada em várias explorações, onde os criadores juntam às suas manadas reprodutores de raças estrangeiras, como por exemplo, raça Limousine ou raça Charolesa, para beneficiar as suas reprodutoras e tirar partido do vigor Híbrido. Ter reprodutoras Mertolengas tem como objectivo um baixo custo de manutenção das reprodutoras (nível alimentar e problemas de membros), uma longevidade reprodutiva, a certeza de uma boa adaptação a quaisquer tipo de relevos e de ambientes e um vitelo por ano, onde o pai pode ser de uma tal raça exótica com grandes índices de ganho médio diário que vai transmitir aos filhos.
É uma raça muito interessante, com características únicas e que ainda tem muito para nos mostrar, em sistemas de exploração mais sofisticados!
Figura 1: Reprodutora do ano de 1998-2015 (Idosa) com um bezerro cruzado de Limousine, prova da longevidade reprodutiva desta raça.

Figura 2: Grande rusticidade da raça Mertolenga, em terrenos muito declivoso, de difícil acesso, alimentando-se de forragens naturais.
Figura 3: Um bom controlo alimentar, desde o nascimento até á vida reprodutiva activa destes animais podem mostrar muitas qualidades que a raça nos pode dar.
Com uma rigorosa selecção da raça e, dentro da raça, e com a exclusão de estatísticas de bezerros cruzados, tenho a certeza que esta raça Mertolenga será um dia, uma raça de topo a nível Mundial. Foquemo-nos já não tanto para os excelentes parâmetros reprodutivos mas sim para os parâmetros produtivos, fazendo com que as excelentes "Mães" nos possam dar excelentes "Filhos", filhos estes que se desenvolvam mais depressa, em sistemas bem mais desenvolvidos.
Para mais informação siga o sitio da Associação de Criadores de Bovinos Mertolengos, Aqui.
Mário Pereira
Sem comentários:
Enviar um comentário