segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Vaca Holstein Frísia vs. Vaca ProCross: comparação de parâmetros produtivos e reprodutivos

Vitorino A.1, Vicente A.A.1,2,3, Arriaga e Cunha A.4 e Carolino N.2,3,5

1Escola Superior Agrária de Santarém. Quinta do Galinheiro. Apart. 310. 2001-904 Santarém, Portugal (andreia.vitorino93@gmail.com).
2Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P., Fonte Boa, 2005-048 Vale de Santarém, Portugal.
3CIISA - Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade de Lisboa, 1300-477 Lisboa, Portugal;
4Casal de Quintanelas, Sabugo, 2715-127 Pero Pinheiro - Sintra;
5Escola Universitária Vasco da Gama, Av. José R. S. Fernandes 197 Lordemão, 3020-210 Coimbra, Portugal.


   Ao longo do tempo a raça Holstein Frísia tem sido sujeita a uma pressão de seleção elevada, conduzindo a um aumento da sua consanguinidade média e, consequentemente, a um declínio da fertilidade, da adaptabilidade e de sobrevivência, conduzindo à depressão consanguínea. O cruzamento entre raças de aptidão leiteira, nomeadamente o programa ProCross, tem vindo a ser opção por melhorar a saúde, fertilidade e longevidade dos animais devido à complementaridade entre raças e à heterose. Este programa baseia-se em cruzamentos de rotação de três raças: Holstein Frísia (HOL), Montbéliarde (MON) e Vermelha Sueca (VS).

   Este estudo realizou-se no Casal de Quintanelas, uma exploração agropecuária produtora de leite, situada no Sabugo, Sintra, com o objetivo de analisar e comparar diversos parâmetros produtivos de vacas Holstein Frísia e resultantes do ProCross, de forma a compreender quais os benefícios trazidos por este programa de cruzamentos e se realmente é compensadora a adoção do mesmo.
Analisou-se a produção média diária de leite (PMDL), a produção média diária de proteína (PMDP) e de gordura (PMDG), através do PROC MIXED do programa SAS, considerando-se como fatores fixos o ano e mês de parto, a duração da lactação, a idade ao parto (efeito linear e quadrático) e a proporção de HOL, MON ou VS. A fêmea foi considerada como um efeito aleatório. Compilaram-se 1064 registos de lactação de vacas HOL e ProCross, com uma idade média ao 1º parto de 24.91±2.44 meses; idade média ao parto de 41.18±17.50 meses; duração da lactação de 278.17±111.49 dias; produção média diária de leite de 38.62±6.78 litros e teor butiroso e proteico de 3.78±0.69% e 3.27±0.32%, respetivamente. A proporção de HOL, MON e VS na população afetou significativamente a PMDL (p<0.05 para HOL e p<0.01 para MON e VS), apresentando um coeficiente de regressão linear de 0.0337±0.013, 0.0360±0.011 e -0.0539±0.011 por cada 1% a mais de HOL, MON e VS, respetivamente. A proporção de HOL, MON e VS não influenciou significativamente (p>0.05) a PMDG, mas a proporção de MON (p<0.05) e VS (p<0.01) influenciou a PMDP. Relativamente aos restantes efeitos fixos estudados apresentaram, na sua globalidade, um efeito significativo nas características estudadas, à exceção da duração da lactação na PMDG e na PMDP e do mês de parto na PMDG.

   Também através da rotina PROC MIXED do programa SAS, analisaram-se alguns parâmetros reprodutivos, nomeadamente os dias em aberto, número de inseminações artificiais (IA) por conceção e intervalo entre partos (IEP), considerando-se como fatores fixos o ano de IA, o mês de IA, a idade à IA (efeito linear e efeito quadrático) e a proporção de HOL, MON ou VS. A fêmea foi considerada como um efeito aleatório. Foram analisados 1391 dados reprodutivos de animais HOL e ProCross, com uma idade média à IA de 34.09±18.71 meses; uma média de 60.57±24.02 dias em aberto; uma média de 2.66±2.00 inseminações artificiais e intervalo entre partos médio de 395.46±71.83 dias. A proporção de Holstein Frísia e Montbéliarde na população afetou significativamente os dias em aberto (p<0.05 para HOL e MON), apresentando um coeficiente de regressão linear de 0.1601±0,045 e -0.1577±0,0372 por cada 1% a mais de HOL e MON, respetivamente. Também a proporção de Holstein Frísia e Montbéliarde na população afetou o número de inseminações artificiais por conceção (p<0.01 para HOL e p<0.05 para MON), com um coeficiente de regressão linear de 0.0083±0.0031 e -0.0065±0.0026. Quanto ao IEP, a proporção de Holstein Frísia e Montbéliarde na população afetou significativamente o seu número de dias (p<0.05 para HOL e p<0.01 para MON), com um coeficiente de regressão linear de 0.3328±0.1614 e -0.3381±0.1279, respetivamente. A proporção de Vermelha Sueca não foi significativa em nenhuma das três características reprodutivas analisadas.

    Quanto aos outros elementos fixos estudados, estes foram maioritariamente não significativos nos dias em aberto, e foram significativos (p<0.01) para todos os fatores no número de IA por conceção e IEP, embora o ano da IA na HOL tenha tido uma menor significância no IEP (p<0.05).
Globalmente observa-se que a introdução do genótipo VS poderá fazer reduzir a PMDL, não se verificando alterações significativas na PMDG, e que o genótipo MON poderá fazer reduzir os dias em aberto, número de IA por conceção e IEP.

Interessa continuar a aprofundar o estudo comparativo entre HOL e ProCross, nomeadamente no que diz respeito a outros parâmetros, pois, regra geral, existe uma tendência de melhoria em alguns parâmetros reprodutivos, de longevidade e saúde, com respetiva redução dos custos envolvidos.












domingo, 14 de fevereiro de 2016

Raças Bovinas Autóctones - Raça Mirandesa


   


 Voltando ao tema das raças autóctones e na perspectiva de pensar cada vez mais na produtividade em números e na máxima rentabilidade, cabe aos futuros responsáveis pelas raças Portuguesas, em melhorar todo este património genético único. A melhoria de uma raça não deve ter em conta a modificação em nenhuma das linhas morfológicas nem funcionais, no entanto tenho uma larga e interrogativa opinião sobre esta ultima reflexão relativa ao funcionamento de uma raça: Tendo em conta que as nossas raças autóctones eram utilizadas, na maioria, na produção de trabalho e visto que essa aptidão já quase que se extinguiu, não deveríamos de reverter rapidamente essa aptidão para a juntar à produção (GMD) rápida de carne, mantendo o tipo?
No seguimento desta opinião e revolta pessoal, e segundo uma pesquisa pessoal que chego à raça bovina Mirandesa, e tento ligá-la à conversa inicial.

   Caros leitores, a raça bovina Mirandesa, foi das primeiras raças do Norte do país a sair do solar de origem e a povoar a zona centro e sul, pois era tido em conta que a Mirandesa era uma raça de trabalho por excelência, com um temperamento bastante dócil e com boa conformação ou melhor, com boa aptidão para a carne. Hoje em dia encontra-se dispersa por muitos concelhos do nosso país. 

   Esta raça no meu ponto de vista, é uma raça com um futuro muito promissor, fora e dentro do seu solar de origem, pois é uma raça com alguma corpolência 450/550 kg, mas no entanto é bastante rustica, muito dócil o que ajuda bastante em qualquer tipo de maneio e se compararmos o tipo de sistema de exploração com o produto final (vitelo), esta raça dá-nos vitelos com 200 kg aos 210 dias. O sistema de exploração desta raça é o extensivo. 60/80% de fertilidade, 26/30 meses ao 1º parto, intervalo entre partos de 12/13 meses, peso ao desmame de 170/200 kg e com um rendimento de carcaça de 61,6%.


Abaixo segue-se uma apresentação da raça, por parte da "Carne Mirandesa".
Para mais informações visite o sitio da raça Mirandesa, Aqui.



MP


quarta-feira, 11 de novembro de 2015

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Raças Autóctones Portuguesas III - Raça Barrosã

Voltando ao circuito das raças autóctones Portuguesas, vamos conhecer a raça Barrosã.

A raça barrosã é uma raça Portuguesa, com origem no norte de Portugal, com morfologia e ascendência muito primitiva vinda do Auroque. São bovinos de reduzidas dimensões, fêmeas a arrondar os 418 kg e machos a chegar aos 701 kg, em peso adulto. 
Sendo uma raça muito tardia, relativamente ao seu aspecto negativo de ganho médio diário de peso, é uma raça com uma qualidade organoléptica inigualável, conhecida em todo o mundo.



Vejamos o que diz a associação de criadores de bovinos de raça Barrosã:

"É uma raça conhecida pela sua dupla função trabalho e carne, mas é nesta última que ela tem o seu futuro. Assim, a "Carne Barrosã", tem Denominação de Origem Protegida (DOP) por Despacho 18/94 de 31 de Janeiro (Diário da República II Série). São incluídas nesta as carcaças, ou as peças embaladas e refrigeradas, obtidas a partir de animais da raça Barrosã inscritos no Livro Genealógico. Podem beneficiar do uso da Denominação de Origem Protegida as carcaças de vitela, novilho e vaca, inscritos no livro de nascimentos ou livro de adultos do respectivo Livro Genealógico, ou peças delas provenientes nas seguintes condições: 
•    Vitela - carcaças de animais abatidos entre os 5 e os 9 meses de idade com o peso compreendido entre os 70 Kg e os 130 Kg; 
•    Novilho - carcaças de animais abatidos entre os 9 e os 36 meses de idade com um peso mínimo de 130 Kg; 
•    Vaca - carcaças de animais abatidos entre os 3 e os 4 anos com o peso mínimo de 130 Kg."


Sitio da raça barrosã: aqui.

Abaixo está um vídeo de uma pequena exploração da raça, onde os produtores tentam tirar partido dos recursos naturais para alimentar reprodutoras de raça barrosã, onde podemos ver algumas características morfo-comportamentais da raça: